sexta-feira, 6 de junho de 2008

Para ela não há coincidências...


"(...) Estes pares de namorados conjugam os verbos estar, partilhar e viver sem pensar no que isso implica.
A explicação é simples: mais ou menos carentes, mais ou menos afectivas, são pessoas sem medo de dar amor, mesmo sabendo que nada é seguro e fiável, que nada é para a vida, a não ser a morte.
E namorar é isto mesmo, viver a dois.
Dá muito trabalho viver a dois, mesmo que não se viva debaixo do mesmo tecto.
É como se a nossa vida deixasse de ser completamente nossa; há outro, uma outra pessoa que também a vive connosco, que faz parte dela.
Uma pessoa que cuida de nós e de quem precisamos de cuidar.
Alguém que, antes de nós, já viveu uma vida inteira, já amou outras pessoas e já lambeu as feridas.
Alguém que é um conjunto intrigante e complexo de defeitos, qualidades e experiências, alguém único e difícil de entender, tal como nós.
Mas, acima de tudo trata-se de alguém que gosta de nós.
E que gosta tanto que é connosco que quer partilhar a vida.
Parece simples, mas deve ser a coisa mais complicada do mundo.

(...)

Afinal, porque é que é tão difícil estabelecer relações duradouras?
Eu tenho uma teoria, coisas de escritora: eu acho que as pessoas não estão para se chatear.
Que o novo é irresistível, e há sempre pessoas novas e não tem piada nenhuma resistir-lhes.
O zapping não é só um vício de quem passa horas sentado em frente à televisão a vegetar, também pode ser um modo de vida.

(...)

Dá muito mais trabalho namorar. Mas também dá muito mais gozo. Como diz o Mick no filme Monstros & Companhia, sou tão romântico que me podia casar comigo mesmo.
Eu também podia, mas era uma grande chatice.
Prefiro procurar no outro as diferenças que nos unem.
Prefiro investir, programas viagens com meses de antecedência, sonhar casas em terrenos baldios, dar a mão, oferecer músicas e palavras, dormir agarrada e acordar com o mais belo sorriso do mundo ao lado como meu despertador particular.
Prefiro conjugar os verbos estar, partilhar e viver, sem pensar no que isso implica. (...)"

by, Margarida Rebelo Pinto

P.S. - o tanas é que não há coincidências...

Sem comentários: