É mesmo assim que o recordo...
Num espaço que tem cerca de 2500 m2 construiu em escala natural um conjunto de elementos considerados fundamentais na vida do campo:
- O moinho de vento para moer o trigo;
- A cozinha rural onde é oferecida a todos os visitantes uma caneca de vinho «moscatel»;
O centro deste pequeno mundo de maravilha que os turistas que visitam Lisboa e a Costa do Estoril só agora começam a descobrir é a pequena oficina de oleiro, onde José Franco, trabalhando na na mesma roda artesanal que os árabes que viveram nesta região do século VIII ao século XII aqui deixaram, vai moldando com o barro da região as dezenas das suas figuras de encanto de cerâmica sacra - e não há «santo» que as suas mãos não fabriquem -, da cerâmica popular, representando o pastor, a peixeira, o moleiro, o lavrador, o barbeiro, a matança do porco e todas as figuras típicas da região e da cerâmica satírica, com os seus bacos, o bêbado, o médico, os jogadores de cartas, figuras que tanto saem do forno onde o barro é cozido como logo são disputadas pelos coleccionadores.
«Artista do barro e da vida», assim se referiu a José Franco o escritor brasileiro Jorge Amado, que sempre que vem a Portugal não deixa de visitar o seu amigo oleiro, um dos poucos homens que, depois de realizar o «sonho» do seu mundo maravilhoso, deu graças a Deus e disse que era «um dos homens mais felizes do mundo». Se um dia vier a Lisboa e tiver duas horas disponíveis não deixará de visitar este pequeno reino de amor e beleza do oleiro José Franco.
José Franco nasceu em 1920. Teve 15 irmãos; seus pais, extremamente pobres, eram oleiros de profissão, fabricantes das pequenas cerâmicas que os camponeses da região utilizavam nas suas casas: os pratos, as travessas, os jarros de vinho e água, os vasos para flores e pequenas peças de decoração, que também ele começou a fabricar e a vender à porta da sua pequena olaria e nas festas populares e feiras, transportando-as de burro, que o acompanhava de terra em terra.
Por volta de 1945 José Franco sonhou que poderia, nas horas vagas, construir ao pé da casa em que vive e da sua oficina de oleiro um museu vivo da sua terra, uma espécie de um grande presépio, que reproduzisse os costumes e actividades laborais do tempo da sua infância e alguns aspectos fundamentais e actividades da vida campesina. E assim, dia a dia, a sua obra foi nascendo e crescendo.
Por volta de 1945 José Franco sonhou que poderia, nas horas vagas, construir ao pé da casa em que vive e da sua oficina de oleiro um museu vivo da sua terra, uma espécie de um grande presépio, que reproduzisse os costumes e actividades laborais do tempo da sua infância e alguns aspectos fundamentais e actividades da vida campesina. E assim, dia a dia, a sua obra foi nascendo e crescendo.
Num espaço que tem cerca de 2500 m2 construiu em escala natural um conjunto de elementos considerados fundamentais na vida do campo:
- O moinho de vento para moer o trigo;
- A cozinha rural onde é oferecida a todos os visitantes uma caneca de vinho «moscatel»;
- A capelinha dedicada a Santo António;
- A azenha movida a água para moer o milho;
- A oficina de carpintaria com utensílios do fim do século passado;
- A «loja da tia Helena» ou mercearia;
- A cozinha saloia, em cujo forno aquecido a lenha, diariamente se coze o pão da região, que os visitantes podem adquirir no local;
- A oficina de ferrador de cavalos;
- A oficina de ferrador de cavalos;
- A adega do vinho com toda a sua utensilagem e medidas de barro;
- As cadeiras do barbeiro e dentista;
- A casa do lavrador com o quarto e a salinha de estar e, à porta, o banco de pedra onde se sentam os namorados.
- O pequeno restaurante onde são servidos os pratos típicos da região; o caldo verde, a carne de porco à moda das Mercês, a caldeirada de peixe e o arroz doce.
- O pequeno restaurante onde são servidos os pratos típicos da região; o caldo verde, a carne de porco à moda das Mercês, a caldeirada de peixe e o arroz doce.
A parte mais deliciosa deste maravilhoso conjunto é constituída pelos cenários construídos em jeito e escala de presépio, com figurinhas de barro moldadas por José Franco e que reproduzem uma aldeia com as moradias que são cópias fieis das casas dos arredores de Lisboa dos fins do século passado, as actividades exercidas, como as serrações de madeira, os moinhos do cercal, o
trabalho dos campos, com os figurantes habilidosamente movidos a água, as actividades piscatórias com a reprodução, também em escala reduzida, da pequena vila de pescadores da Ericeira, que fica a 5 km de distância.
Dentro do castelo que José Franco construiu para delícia das crianças existe uma outra aldeia cheia de figuras nas suas actividades habituais, o casamento, o baptizado, a saída da igreja rural, o trabalho do campo.trabalho dos campos, com os figurantes habilidosamente movidos a água, as actividades piscatórias com a reprodução, também em escala reduzida, da pequena vila de pescadores da Ericeira, que fica a 5 km de distância.
O centro deste pequeno mundo de maravilha que os turistas que visitam Lisboa e a Costa do Estoril só agora começam a descobrir é a pequena oficina de oleiro, onde José Franco, trabalhando na na mesma roda artesanal que os árabes que viveram nesta região do século VIII ao século XII aqui deixaram, vai moldando com o barro da região as dezenas das suas figuras de encanto de cerâmica sacra - e não há «santo» que as suas mãos não fabriquem -, da cerâmica popular, representando o pastor, a peixeira, o moleiro, o lavrador, o barbeiro, a matança do porco e todas as figuras típicas da região e da cerâmica satírica, com os seus bacos, o bêbado, o médico, os jogadores de cartas, figuras que tanto saem do forno onde o barro é cozido como logo são disputadas pelos coleccionadores.
«Artista do barro e da vida», assim se referiu a José Franco o escritor brasileiro Jorge Amado, que sempre que vem a Portugal não deixa de visitar o seu amigo oleiro, um dos poucos homens que, depois de realizar o «sonho» do seu mundo maravilhoso, deu graças a Deus e disse que era «um dos homens mais felizes do mundo». Se um dia vier a Lisboa e tiver duas horas disponíveis não deixará de visitar este pequeno reino de amor e beleza do oleiro José Franco.
O ceramista José Franco, que hoje passou para o outro lado do caminho, deixou por concretizar dois sonhos: uma fundação que fizesse perdurar o seu legado e uma escola de formação, disse à Lusa a sua secretária.
Dulce Silva, que secretariava José Franco há seis anos, afirmou que "o mestre tinha um grande sonho que era uma escola de formação para as crianças do Sobreiro que não concretizou por falta de meios financeiros".
"Nos últimos tempos - assinalou - o mestre (José Franco) lutou muito sozinho, só com alguns amigos, como Duarte Pio de Bragança, até no sentido de constituir uma fundação que preservasse o seu espólio. Mas a família era contra".
O espólio do oleiro ficará na aldeia típica que construiu no Sobreiro, sua terra natal, de que era sócio gerente e detinha uma quota de 40%, "até que há uns anos se destituiu da gerência", explicou.
Dulce Silva descreveu José Franco como "um homem sempre alegre". "Até há poucos dias continuava a fazer projectos para peças de cerâmica para moldar - lembrou - Nunca se queixava e ainda ontem [segunda-feira] estava muito bem disposto e sorridente".
O artista vivia num lar de idosos (antigo Hotel Morais) na Ericeira e, na sequência de uma queda, foi internado no Hospital de Santa Maria, em Lisboa. José Franco tinha já implantado uma prótese na perna depois de ter fracturado o fémur, há anos.
O actor Raul Solnado, seu amigo, em declarações à Lusa, recordou "a fama extraordinária e imediata" que José Franco teve quando, na década de 1960, durante o programa televisivo "Zip Zip", foi convidado "a criar uma obra enquanto durava o programa".
"Teve uma fama imediata, mas era de facto uma pessoa extraordinária, convivi muito com ele, e ia visitá-lo muitas vezes, como faziam, sempre que vinham a Portugal, o Jorge Amado e a sua mulher, Zélia Gattai", disse o actor.
A casa do autor de "Gabriela, Cravo e Canela" e da sua mulher na Baía tinha vários objectos do oleiro português.
Segundo Solnado, que qualificou Franco de "artista extraordinário", "depois da morte da sua mulher, ele nunca mais teve o mesmo alento".
Passar pelo Sobreiro, entrar na Aldeia de José Franco e não nos cruzarmos com ele, não terá o mesmo sabor.
A última vez que lá estive foi com o B., em dia de passeio, de casa à Ericeira.
Faz e fará parte das minhas memórias e infância.
Lembro-me que foi lá que uma vez dei a mão a um "beef" que visitava a vila, julgando ser o meu Pai... aos anos que isto foi, mas lembro-me tão bem...
P.S. - Guardo com carinho o livro de cerâmica que uma vez, era eu bem pequena, me ofereceu... nele lê-se: "Para a N... com carinho e amizade do Amigo José Franco".
Obrigada por me ter ensinado a moldar o barro...
Dulce Silva, que secretariava José Franco há seis anos, afirmou que "o mestre tinha um grande sonho que era uma escola de formação para as crianças do Sobreiro que não concretizou por falta de meios financeiros".
"Nos últimos tempos - assinalou - o mestre (José Franco) lutou muito sozinho, só com alguns amigos, como Duarte Pio de Bragança, até no sentido de constituir uma fundação que preservasse o seu espólio. Mas a família era contra".
O espólio do oleiro ficará na aldeia típica que construiu no Sobreiro, sua terra natal, de que era sócio gerente e detinha uma quota de 40%, "até que há uns anos se destituiu da gerência", explicou.
Dulce Silva descreveu José Franco como "um homem sempre alegre". "Até há poucos dias continuava a fazer projectos para peças de cerâmica para moldar - lembrou - Nunca se queixava e ainda ontem [segunda-feira] estava muito bem disposto e sorridente".
O artista vivia num lar de idosos (antigo Hotel Morais) na Ericeira e, na sequência de uma queda, foi internado no Hospital de Santa Maria, em Lisboa. José Franco tinha já implantado uma prótese na perna depois de ter fracturado o fémur, há anos.
O actor Raul Solnado, seu amigo, em declarações à Lusa, recordou "a fama extraordinária e imediata" que José Franco teve quando, na década de 1960, durante o programa televisivo "Zip Zip", foi convidado "a criar uma obra enquanto durava o programa".
"Teve uma fama imediata, mas era de facto uma pessoa extraordinária, convivi muito com ele, e ia visitá-lo muitas vezes, como faziam, sempre que vinham a Portugal, o Jorge Amado e a sua mulher, Zélia Gattai", disse o actor.
A casa do autor de "Gabriela, Cravo e Canela" e da sua mulher na Baía tinha vários objectos do oleiro português.
Segundo Solnado, que qualificou Franco de "artista extraordinário", "depois da morte da sua mulher, ele nunca mais teve o mesmo alento".
Passar pelo Sobreiro, entrar na Aldeia de José Franco e não nos cruzarmos com ele, não terá o mesmo sabor.
A última vez que lá estive foi com o B., em dia de passeio, de casa à Ericeira.
Faz e fará parte das minhas memórias e infância.
Lembro-me que foi lá que uma vez dei a mão a um "beef" que visitava a vila, julgando ser o meu Pai... aos anos que isto foi, mas lembro-me tão bem...
P.S. - Guardo com carinho o livro de cerâmica que uma vez, era eu bem pequena, me ofereceu... nele lê-se: "Para a N... com carinho e amizade do Amigo José Franco".
Obrigada por me ter ensinado a moldar o barro...
1 comentário:
É por causa destes textos, que sou visita assídua deste blog'espaço… excelente texto! Parabéns!
Obrigado, por mais uma viagem…
Beijos, PT
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