domingo, 1 de março de 2009

O Rapaz do Pijama às Riscas...

Deste fim de semana, não podia passar! Depois de sucessivos avanços e recuos... estava mais do que decidido.
O A. N. fez-me companhia e lá fomos nós!!
O filme, "O rapaz do Pijama às riscas" - The boy in the Striped Pajamas, adaptação do livro John Boyne, conta uma parte (triste) da história da humanidade.... vista pelos olhos de crianças.


Um rapaz de oito anos, Bruno (Asa Butterfield) é o protegido filho de um agente nazi (David Thewlis) cuja promoção leva a família a sair da sua confortável casa em Berlim para uma despovoada região onde o solitário jovem não encontra nada para fazer, nem ninguém com quem brincar.
Recluso da sua própria casa, diante de homens fardados que não compreende, Bruno é alimentado somente pela sua imaginação e desejo de aventura, numa curiosidade desmedida sobre a quinta próxima da sua casa, onde os trabalhadores são estranhos, visto que usam pijamas durante o dia, desconhecendo a dura realidade de que se trata de facto de um campo de concentração.
Esmagado pelo aborrecimento e traído pela curiosidade, Bruno ignora os constantes avisos da mãe (Vera Farmiga) para não explorar o jardim, por detrás da casa, e dirige-se à "quinta" que viu ali perto.
Nesse local, Bruno conhece Shmuel (Jack Scanlon), um rapaz da sua idade que vive numa realidade paralela, do outro lado da vedação de arame farpado, a cerca onde não se pode tocar... Ingénuo sobre a natureza daquele mundo, Bruno procura alimentar esta amizade, desconhecendo as proporções da realidade que se desenvolve à sua volta.
O encontro de Bruno com este rapaz de pijama às riscas vai arrancá-lo da sua inocência e resultar no despontar da sua consciência sobre o mundo adulto que o rodeia.
Os repetidos e secretos encontros com Shmuel desaguam numa amizade com consequências inesperadas e devastadoras.

Neste conto sobre perda de inocência, reconhecemos um relato diferente sobre o holocausto da II Guerra Mundial. Tendo como cerne a família e sociedade alemã, que em alguns casos não é sinónimo absoluto de nazi, assistindo ao decompor de camadas sociais, vividas por conflitos entre as personagens, que reconstroem a perda de ingenuidade de um povo que se viu diante de um terror maior do que esperado, numa altura onde já era tarde demais para ser tomada alguma acção. Bruno simboliza esse optimismo, quase fantasioso, de um país que se draga a si mesmo, consumindo qualquer humanidade que restara.

Com este filme, Mark Herman permite-nos sentir a influência que uma farda nazi tem no tratamento de uma amizade, originando actos incompreensíveis para quem os comete, mais ainda para as vítimas…
Dá-nos a perspectiva ‘inocente’ do holocausto, as dúvidas permanentes sobre a vida das pessoas de “pijama às riscas”, naquele mundo que não é senão bélico, feio, escuro e pleno de sofrimento, o que confere um grau de sentimentalismo ao filme muito intenso.

O Rapaz do Pijama às Riscas, aborda temas importantes como a essência da amizade, os actos de humildade – mesmo sob as circunstâncias mais adversas – os (ab)usos de obediência, assim como o desenvolvimento gratuito do preconceito, apesar das consequências destrutivas que este atinge - nas pessoas e nos seus valores.

Mais uma visão sobre a II Guerra Mundial, desta vez pelos olhos de duas crianças. Uma visão fria mas simultâneamente inocente...
Não é inovador em termos de argumentos, mas não consegui evitar ficar impressionada com algumas cenas do filme. Com um final um pouco inesperado.

São os campos de concentração, a guerra vista pelos olhos de duas criança. Mais um ângulo de visão da perseguição nazi aos judeus.O mesmo assunto numa história muito diferente. Quem gostou do filme A vida é Bela de Roberto Benigni, não deve perder ....

Gostei mesmo muito... e não consegui conter as lágrimas... pela Amizade, pela Inocência... por me deixar a pensar...

E se trouxermos este filme para o nosso dia-a-dia, de cada vez que vemos um noticiário e vemos os confrontos israelo-palestinianos? De que lado do “campo de concentração” está a verdade?

Até que ponto é que nós, adultos, somos capazes de agir da forma que Bruno agiu perante um amigo? Quantas vezes nos deixamos influenciar por quem nos rodeia em detrimento de uma amizade? Quanta vezses dizemos que a culpa não é nossa?
«As barreiras podem dividir-nos… mas a esperança vai unir-nos.»

Vale a pena pensar nisto...

P.S. - Obrigada pela tua excelente companhia!!

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